sexta-feira, 3 de julho de 2015

SOBRE O CHARME QUE NUNCA TIVE


Talvez devesse ser intitulado “Sobre o charme que nunca soube fazer”, mas como não sou boa em nomear, intitular qualquer coisa, esse deve servir. Há dias esse texto me persegue, me incomoda num pedido quase que desesperado para nascer... Até achei que nasceria em forma de poesia, a poesia deixa as coisas mais “levinhas” algumas vezes e nos esconde por meio do ‘eu lírico’... Mas, foi assim que ele quis nascer, desse jeito mais escancarado mesmo. E ao som de ‘Doublé de Corpo’ na voz de Leoni, com um céu carregado de nuvens, um ventinho frio e um coração sempre inquieto ei-lo aqui.
Quem lembra das paqueras de adolescência? Daquelas meninas consideradas “mais bonitas” da escola que se valiam disso para usar e abusar dos pobres garotos apaixonados e/ou atraídos por elas... ? Bom, eu não era uma das garotas, meu perfil era outro (ok gente sem drama tá? rsrs). No entanto, é a partir dessas garotas que me vem várias reflexões sobre aquele papo de “o ser humano quer o que não pode ter”... (Esse seria um bom título também, né? Rsrs...). É uma reflexão muito densa, e apesar da tentativa talvez eu não consiga descrever bem minhas opiniões a respeito, mas é uma daquelas coisas que a gente nunca entende muito bem, sabe?! E mesmo quando passa a fase da adolescência, o que se nota é que algumas pessoas continuam fazendo ‘charminho’ para manipular o outro de algum modo. Às vezes essa forma de fazer charme muda, porém a intenção continua sendo a mesma. E eu francamente nunca consegui entender muito bem o sentido desses joguinhos idiotas.

                                                             Foto arquivo pessoal

Certa vez uma amiga me disse “- Não atende o telefone, deixe ele sentir sua falta. Pessoas gostam do que não têm”. Acredito que não seja uma frase incomum, mas sempre me inquietou muito essa necessidade de esconder o que se sente, de se mostrar mascarado escondendo o que verdadeiramente somos, mesmo que isso não seja o ideal de alguém.
E nessa mania boba (talvez) de refletir sobre essas coisas e de a todo custo tentar fugir desse desdém imbecil humano, me tornei um pouco o que sou hoje: alguém que necessita ser e conviver com o outro numa perspectiva de humanidade. De defeitos e qualidades. Preciso sentir-me gente, e sentir-me amada mesmo assim sendo.
Não nego que já sucumbi a joguinhos sim em algum momento da minha vida, mas a sensação posterior foi tão repugnante que me senti a pior das atrizes no palco da vida. Nessa hora, pude comprovar que não vale a pena viver sem ser o que se é. E ser quem você é, não é ter ‘síndrome de Gabriela’, é entender que mudar é preciso, mas isso tem que ser uma decisão sua e somente sua.
Sigo tentando a compreensão e o amor dos que cercam mesmo sem saber fazer charminho, sem saber fingir que não quero. Sigo atendendo os telefonemas que desejo, ou não atendendo os que não. Sigo chorando e tocando em feridas nos momentos mais inapropriados. Sigo demonstrando efusivamente meu amor, e não me preocupo se deixo o ‘outro’ muito seguro com isso. Sigo acreditando que se não puder amar intensa e plenamente não valerá a pena essa existência.

E aos covardes e amantes dos charminhos, meu lamento. Porque vocês realmente não podem me entender.

Julie Oliveira

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2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Gostei bastante.
    Realmente nessa sociedade de amores líquidos o que falta é mais sinceridade e transparência!

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